A contenção por terra armada, também conhecida como solo reforçado, foi desenvolvido e patenteado, em 1963, pelo arquiteto-engenheiro francês Henry Vidal. A técnica de reforço de solo é composta por um maciço contido por placas pré moldadas de concreto, chamadas também de escamas, que funcionam como face da contenção. A pressão do sistema é distribuída em tiras ou fitas metálicas, as quais podem ou não ser nervuradas, presas nas placas. Essas tiras, colocadas dentro do solo na medida em que este é compactado durante a execução, resistem aos esforços por conta do atrito desenvolvido no maciço. A Figura 1 ilustra a Terra Armada.

Os principais componentes do sistema de terra armada são o solo, as tiras metálicas e o paramento externo formado pelas placas pré-moldadas de concreto que têm suas propriedades normatizadas pela NBR 9286 (1986), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Em função do peso próprio do solo deve ser utilizado no sistema materiais com alta resistência à tração para limitar deformações que tendem a ser desenvolvidas no maciço. A Figura 2 ilustra os componentes do sistema.

Em decorrência do sistema de terra armada ter alta capacidade de suportar carregamentos, ela é ideal para muros de grande altura e/ou que estejam suscetíveis a elevadas sobrecargas. Como exemplos de sua aplicação tem-se obras rodoviárias, ferroviárias, industriais, muros marítimos, barragens, encontro de pontes e viadutos e outras aplicações de engenharia civil. As principais vantagens do sistema em Terra Armada são:
- Redução nos prazos de execução;
- Custos ficam bastante reduzidos;
- Fácil adaptação a vários tipos de taludes e condições de solo, sendo necessário somente um equipamento de tamanho médio para erguer a estrutura;
- Estrutura flexível e adaptável, permitindo construção sobre solos moles ou deformáveis;
- O acabamento da face da estrutura, como relevo, textura ou cor, pode ser escolhido para melhor adequá-lo ao ambiente.
Para a formação do solo da terra armada ele deve ter camadas sucessivas e bem compactadas e ter um ângulo de atrito interno ≥ 25º. É recomendado pela NBR 9286 (1986) que sejam utilizados solos naturais ou de origem industrial e não deve possuir terra vegetal ou matéria orgânica.
As placas são erguidas com o auxílio de caminhões tipo “munck”, tratores ou guindastes. A primeira fiada de placas tem como função de fundação para o paramento externo, pois, é montada sobre uma base de concreto chamada de soleira. A compactação do aterro e a colocação das escamas são executados ao mesmo tempo, ou seja, seus processos executivos se acompanham. A Figura 3 ilustra o caminhão munck.

As fitas metálicas são, normalmente, compostas de aço galvanizado e nervuradas, e tem como função trabalhar em atrito com o solo do aterro. Elas são responsáveis pela maior parte da resistência à tração do maciço e são fixadas nas placas de concreto através de parafusos. Possuem como características boa resistência, durabilidade, pouca deformabilidade, bom coeficiente de atrito e flexibilidade. As fitas podem ser compostas de outro material além do aço como polímeros constituídos de fibras de poliéster com alta tenacidade, porém o aterro deve possuir material mais grosso para sua formação.
As tiras metálicas são colocadas perpendicularmente ao paramento, fixadas com parafusos nos elementos próprios das escamas. As tiras são aterradas e o solo é compactado com rolo compactador, evitando-se danificar ou deslocar a posição original das tiras ou das escamas. É recomendado que o grau de compactação para a execução do aterro seja no mínimo de 95% da densidade aparente seca máxima
No solo são aplicados esforços que resultam uma deformação na direção horizontal, a qual é restringida pela presença do reforço causando, portanto, uma transferência de esforços entre esses dois elementos fazendo com que o reforço desenvolva esforços de tração. Assim, a associação entre solo e reforço pode ser definido como coesivo anisotrópico, ou seja, sua coesão varia com a direção.
Esse artigo foi útil para você? Compartilhe esse artigo para que outras pessoas entendam esse conceito da Geotecnia. Se tiver dúvidas, deixe nos comentários que elas serão respondidas!
Siga nas redes sociais abaixo para acompanhar nosso trabalho!
Fontes:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9286: Terra Armada. Rio de Janeiro, 1986.
BRAJA, M. D; SOBHAN, K; “FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA”. 8º Edição. California: Cengage Learning, 2010.
ABRAMENTO, M; KOSHIMA, A.; ZIRLIS, A.C.; “CAPITULO 18 – REFORÇO DO TERRENO EM: FUNDAÇÕES TEORIA E PRÁTICA”. 1998.
VELLOSO, D.A.; MARIA, S.L.P.E.; LOPES, R.F.; “CAPITULO 4 – PRINCÍPIOS E MODELOS BÁSICOS EM: FUNDAÇÕES TEORIA E PRÁTICA”. 1998.
Gostaria de saber se vcs fazem obras residenciais também?
Olá Andreza, não trabalho com obras ou projetos residenciais. Mas se quiser me mande um email que encaminho contato de uma pessoa de confiança que realiza.