
A escolha do método de dosagem é um dos pilares fundamentais para o desempenho de misturas asfálticas. Dentre os principais métodos utilizados no Brasil e no mundo, destacam-se o Marshall e o Superpave. Ambos têm como objetivo encontrar a combinação ideal entre agregados e ligante asfáltico, mas apresentam abordagens, critérios e fundamentos distintos. Neste artigo, vamos analisar as principais diferenças entre esses dois métodos e seus impactos no desempenho dos pavimentos.
1. Um pouco de contexto histórico
O método Marshall foi desenvolvido na década de 1940 pelo engenheiro Bruce Marshall, o método foi amplamente adotado pelos órgãos rodoviários dos EUA e, posteriormente, incorporado pelas normas brasileiras. Seu princípio baseia-se em otimizar o teor de ligante asfáltico com base na estabilidade, fluência e nas características volumétricas das misturas asfálticas.
O Superpave (Superior Performing Asphalt Pavements), por sua vez, foi desenvolvido nos anos 1990, durante o Strategic Highway Research Program (SHRP), como resposta à necessidade de melhorar o desempenho dos pavimentos asfálticos frente às crescentes exigências de tráfego e variações climáticas. O método baseia-se em fundamentos racionalmente mecânicos e climáticos, integrando um sistema de especificação de ligantes (PG), critérios volumétricos avançados e simulações de compactação com o compactador giratório.
2. Compactação
Marshall: Utiliza martelo de impacto com número de golpes pré-definido (normalmente 75 golpes, mas pode variar em função do projetista)
Superpave: Utiliza compactador giratório, que simula mais realisticamente a compactação que ocorre em campo com rolos compactadores.
3. Seleção do Ligante Asfáltico
Marshall: Escolha do CAP com base apenas na classificação por penetração ou viscosidade.
Superpave: Utiliza o sistema Performance Grade (PG), que leva em conta temperaturas máximas e mínimas de operação, garantindo melhor adaptação às condições climáticas locais.
4. Ensaio de Desempenho
Marshall: Avalia estabilidade e fluência, com base no carregamento monotônico de compressão.
Superpave: Vai além das propriedades volumétricas, incorporando ensaios de deformação permanente, fadiga e sensibilidade à umidade, além de permitir análises com misturas modificadas.
5. Aplicabilidade e Flexibilidade
Marshall: Método consagrado e de fácil execução, ainda amplamente utilizado em projetos convencionais e contratos de menor complexidade.
Superpave: Mais complexo, porém mais robusto e confiável para projetos de alto desempenho, como grandes rodovias, aeroportos e vias com tráfego intenso.
A escolha entre os métodos Marshall e Superpave depende diretamente das exigências de desempenho da via, dos recursos disponíveis e do nível de confiabilidade requerido no projeto. Enquanto o método Marshall ainda é amplamente empregado, o Superpave representa um avanço tecnológico significativo, oferecendo maior segurança frente a falhas por deformação e fadiga.
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