Ícone do site Além da Inércia

Como dimensionar Pavimentos Aeroportuários pelo método CBR

Anúncios
Fonte: Autor desconhecido

Aqui no além da inércia já apresentamos diversos artigos sobre estruturas de pavimentos, indo desde a aplicação de misturas asfálticas, materiais granulares, estabilizantes e o projeto de pavimentos pelo método do DNER.

O método de dimensionamento de pavimentos aeroportuários é uma adaptação do método de dimensionamento CBR utilizado pelo departamento de estradas da Califórnia e foi desenvolvido pela USACE, levando em consideração é claro extrapolações para cargas aeronáuticas. Em pavimentos aeroportuários estão presentes os flexíveis, aplicados em áreas de circulação de aeronaves, e os rígidos, aplicados em áreas de rampa, pátios e hangares.

As áreas de circulação de veículos de apoio, próximo a áreas de circulação de aeronaves, utilizam também pavimentos em blocos intertravados. Os quais reduzem o custo e auxiliam na identificação de áreas restritas. Além da análise de cargas aplicadas ao pavimento, em operações de pouso devem ser analisados o riscos de aquaplanagem das aeronaves, para isso aplicam-se soluções como “grooving” ou “pavimentos porosos” em largura considerável para soluções de drenagem superficial. O Grooving consiste em determinadas ranhuras na superfície do pavimento, esse tema será apresentado em artigos futuros.

O método de dimensionamento para pavimentos aeroportuários considera a posição do CG da aeronave de tal forma que 92% do peso esteja sobre as rodas principais e 8% nas pernas de nariz. As tensões e deformações nos pavimentos são estudadas com os bulbos de tensões nas rodas principais, podendo ocorrer:

As profundidades de análise variam com base nos centroides de áreas carregadas (S) e das distâncias mínimas de áreas carregadas (D). Para trens de pouso com 4 rodas, a distância S é na diagonal (Figura 2). A Figura 1 ilustra as profundidades de análise.

Figura 1 – Profundidades de Análise.
Figura 2 – Distâncias de análise

As Equação 1 e Equação 2 apresentam o cálculo das profundidades de análise com base nas distâncias S e D apresentadas.

Equação 1 – Profundidade H1
Equação 2 – Profundidade H2

O método de dimensionamento consiste em determinar uma única carga que repasse o carregamento imposto pela perna principal da aeronave, denominada de Equivalent Single Wheel Load (ESWL) ou Carga de Roda Simples Equivalente (CRSE). Para o calculo do ESWL considera-se que a roda é circular e calculada pela Equação 3, onde F é o fator de deflexão, N é o número de rodas e P é a carga total. A Figura 3 apresenta o gráfico para fator de deflexão em função da profundidade de análise, onde a é o afastamento entre ponto de estudo e centro de roda medido em raios.

Equação 3 – Carga do ESWL.
Figura 3 – Gráfico para o fator de deflexão F. Fonte: Huang, 1993.

A espessura efetiva do pavimento depende da capacidade de suporte do subleito e da carga do ESWL correspondente calculado, e do fator f. O fator f consiste de um fator de repetições de carga e é calculado com base no número de coberturas do aeroporto. Quando falamos sobre cobertura, o termo leva em consideração a variação lateral que as aeronaves percorrem um pavimento. Dessa forma, podemos dizer que uma cobertura ocorre quando o pavimento é solicitado e produz sua máxima resposta estrutural sendo totalmente influenciado pelo trem de pouso da aeronave. A Equação 4 apresenta o fator f. Por fim, a espessura do pavimento fica definido pela Equação 5.

 

Equação 4 – Fator f.

 

Equação 5 – Espessura efetiva do Pavimento

O fator alfa é aplicado apenas para aeronaves do tipo wide bodies, e é um fator de correção, conforme Quadro 1.

Quadro 1 – Fator Alfa para Aeronaves WideBody. Fonte: Ashford, Mumayiz e Wright (2011)

Podem ser adotados dois métodos utilizando as equações acima, o primeiro chamado de simplificado consiste em elaborar um gráfico em função das profundidades H1 e H2. Em H1 posiciona-se a carga de uma roda, em H2 a carga total. Então, variando-se as cargas encontra-se espessuras para determino CBR. O encontro entre a curva CBR e as linhas de H1 e H2 determinam a espessura e o ESWL. A Figura 4 ilustra o método simplificado.

Figura 4 – Método Simplificado de cálculo.

O Segundo método, mais rigoroso, consiste em determinar as espessuras variando-se as profundidades e vendo como comporta-se o pavimento. Para isso, definem-se varias profundidades de análise e determinam-se os ESWL de formas distintas. A primeira (ESWL 1) com base nos fatores de intensidade de acordo com o afastamento dos eixos concentrados. O segundo (ESWL2) em função da profundidade pré estabelecida aplicando a Equação 6. A espessura do pavimento estará definida quando a diferença entre os ESWL forem próximos de zero. A Tabela 1 auxilia no método rigoroso.

Tabela 1 – Exemplo de aplicação.

Pelo exemplo, observa-se que a diferença igual a zero está entre 74 e 81 cm. Dessa forma, seria necessária uma interpolação para obter a espessura exata necessária para resistir a solicitação.

Esse artigo foi útil para você? Compartilhe esse artigo para que outras pessoas entendam esse conceito da Infraestrutura Aeroportuária. Se tiver dúvidas, deixe nos comentários que elas serão respondidas!

Siga nas redes sociais abaixo para acompanhar nosso trabalho!

FONTES:

PEIXOTO, C.F. “NOTAS DE AULA DA DISCIPLINA DE AEROPORTOS”. Centro Universitário da FEI: São Bernardo do Campo, 2017.

PEIXOTO, C.F. “INTRODUÇÃO À ENGENHARIA AEROPORTUÁRIA”. Rio Claro, 2015.

ASHFORD, N.J; MUMAYIZ, S.A; WRIGHT, PH. AIRPORT ENGINEERING: PLANNING, DESIGN AND DEVELOPMENT OF 21ST CENTURY AIRPORTS. 2011.

Sair da versão mobile